sábado, 7 de maio de 2011

Maior Anseio.

Ao ir ao shopping durante essa semana me dirigi rapidamente a fila do cinema. Impaciente como sempre, atrasada para variar e exausta de provas escolares me deparei com uma cena que causou inveja. Acredite, não estou acostumada a sentir inveja. 
Duas garotas, uma extremamente masculinizada, carinhosa e educada com as mãos na cintura de uma garota loira que me parecia egocêntrica e soberba. Trocavam sorrisos indiscretos e olhares expressivos, criando uma imensa tensão sexual. As mãos percorrendo lugares levemente proibidos e os lábios se aproximando, suplicando por um beijo. As coxas encostadas fazendo delicados movimento sexuais, atraindo os olhares que exibiam excitação dos homens, desprezo das mulheres e curiosidade dos jovens. 
Não senti inveja porque ambas eram bonitas e tinham alguém para amar, esse não é o problema, ultimamente eu tenho a garota que quero. Senti inveja porque elas tinham liberdade. Podiam viver a vida abertamente. Não precisavam criar namorados falsos, contar mentiras, fazer comentários homofóbicos, dizer que gostavam de Justin Bieber e perder horas falando sobre o casamento real, tudo para aparentar ser o mais heterossexual possível.
Todos os dias eu sou rejeitada. Ao ligar a TV, conversar com meus pais, pisar na escola, encontrar os meus amigos. O desprezo me cerca. 
Me esforço todos os dias para fazer o bem. Estudo o máximo que posso para entrar nas melhores faculdades, atingir meus sonhos e ser melhor que todos aqueles que julgam ser superiores a mim. Mas nunca será suficiente!
Olham para mim e vêem uma fracassada, porque depois de tanto tempo sendo tratada como uma perdedora eu comecei a agir como uma. Desde os seis anos eu sofro com essas coisas ruins, garotos hipócritas diziam que eu era feia, meninas arrogantes me tratavam mal, ouvia por ai conversas sobre gays, sempre vistos da pior forma possível. 
Aqui estou. Escrevendo em um blog porque não posso escrever em folhas, usando nome falso porque não podem saber quem sou, me escondendo do jeito que sempre odiei fazer em nome da sobrevivência. 
Cai de novo em minhas perguntas existenciais: será que trair meus princípios valem a sobrevivência? Estou cada dia mais convencida de que a resposta dessa pergunta é não. Espero um dia realmente saber o que é a definição de felicidade porque eu a senti, não porque alguém me disse o que é a felicidade. 

Assista o video. Ja sei, você odeia Lady Gaga, curte bandas underground, ouve Beatles e usa camisa do Nirvana. Mas as vezes é bom ter uma artista que é ouvida pela massa mostrando o resultado dos defeitos mais obscuros da nossa sociedade.



Nenhum comentário:

Postar um comentário