domingo, 1 de maio de 2011

Tempo, artista despercebido.

Arte. O que de fato é arte? Alias, arte é alguma coisa? Arte é relativa? É concreta? Ela existe? 
Produzimos imagens, redefinimos o conceito de beleza, atribuímos significados a objetos, justificamos o injustificável, queremos ser vistos, chocar o mundo, desejamos que as pessoas queiram ser como nós, machucamos indiretamente quem é diferente e não prestamos atenção nas pessoas que fazem arte a cada segundo de vida. No momento, isso tem sido arte.
Nada soa mais artístico do que cabelos brancos. Cada fio acizentado demonstra uma história. História essa que não é sua, que pode ter sido incrível, que você não viveu, e nem vai viver mas que fez alguém chegar a velhice. 
Durante toda nossa vida temos sentimentos únicos, experiências próprias, sonhos distintos e loucuras individuais. Coisas que nunca serão repetidas por ninguém. Se você acha que a morte é difícil, provavelmente nunca pensou sobre a vida. Todas essas pessoas que exibem uma pele aparentemente desgastada e um corpo frágil passaram por todo tipo de sofrimento e experiência. E nós aqui, sentados na hipocrisia estampando a juventude por todos os cantos. Quem foi que nos disse que ser jovem é melhor que ser velho e que rugas são feias?
Acredito que arte é questionar o governo, quebrar sistemas, querer mudar o mundo, desenhar com destreza e imitar o que os olhos vêem com a maior perfeição possível, afinal também adoro ir a Bienal. Mas também acredito que nada é mais belo e artístico do que a ação do tempo nas faces delicadas e nas mãos macias, nos cabelos coloridos e ossos resistentes, nas colunas eretas e no pensamento moderno.
Ser considerado velho é uma dadiva, um troféu. Demonstra que você passou coisas difíceis, sofreu e chorou como ninguém mas se manteve vivo da melhor forma que pode. 
"Crianças" estúpidas! Todas essas que tem nojo de idosos. Tenho uma noticia para vocês, da próxima vez pegue uma faca na cozinha e perfure seus órgãos porque se não o fizer algo "horrível" ira acontecer: você ficara velho também! 


(Linda! Senhora T. aos 82 anos)

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