terça-feira, 31 de maio de 2011

Esquadrão Anti-Gay

(25/05/2011)
Hoje tive que assistir uma palestra anti-gay na escola. Todas as garotas que já comi, eu, meus amigos viados gracinhas. Todos vendo aquilo. Eu percebia que algumas pessoas me olhavam entre um absurdo e outro que saiam todos da boca de um homem que se diz 'ex-gay', holandês, viaja o mundo espalhando a opressão e usando a bíblia para isso. Crianças de 12 anos sendo expostas a mentiras. 
Um ano atrás… ficaria revoltada, provocaria uma revolução na escola, colocaria fogo nas latas de lixo. Agora… senti nojo de mim mesma.  A escola organizou todo aquele espetáculo de circo por minha culpa. Correm boatos de que tenho um relacionamento suspeito com uma garota do segundo ano. Desde então todos os garotos e garotas com sexualidade indefinida vem conversar comigo. Eu os faço sentir seguros. Mostro meu mundo. Os faço prometer que não vão sair do armário até terem liberdade financeira. Isso me deixa orgulhosa. Eles vem até mim com medo e saem contando piadas indiscretas e dando pinta por ai.
A verdade é que achei muito engraçado. Um homem que se diz acreditar em uma entidade divina e na bíblia viaja o mundo para convencer adolescentes e crianças de que é errado ser gay, disseminando o ódio e o preconceito enquanto milhares de crianças morrem de fome?! Não me parece ser uma boa pessoa. O ruim desses momentos é que abrem brechas e oportunidades para os outros falarem besteiras. Tive que ouvir a manhã inteira gente falando besteira sobre a legalização da maconha, o casamento gay e o aborto. 
Não sei se tenho raiva ou pena de todas essas pessoas. Sao imbecis propagando mentiras e ódio por um mundo que deveria ser um lugar cada dia melhor mas ao mesmo tempo são vitimas de tabus criados por uma sociedade destinada ao fracasso. 

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Funny Stuff.

Estou morrendo de rir com esse Blog. Rir é uma coisa muito difícil por aqui.


Alice's Adventures in Lesboland
Minha postagem favorita é Segunda Carta a Uma Presidente e Dia Internacional da Mulher, mas essas são mais fofinhas e bobas. Essas garotas tem coisas realmente engraçadas, tipo Brazilian Wax.

Homens são fodões, definitivamente. -n

Vou postar algo que não é minha autoria. Aliás, que fique bem claro isso. Não é de minha autoria. Não tem nada pior do que plágio nesse meio, sempre passava por isso quando tinha meu blog, recebia 2 mil acessos por dia e as pessoas saiam por ai escrevendo frases minhas e usando minhas idéias como se fossem deles.
Enfim, foi escrito por @tateann , e postado aqui paradalesbica.com. Gostaria de fazer algumas alterações para facilitar a leitura mas não me senti a vontade. Se estiver realmente decidido a ler comece e termine, não podemos julgar aquilo que não conhecemos.
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abuso de confiança: dorme na cama, acorda na lama. o feminismo acabou?
tenho lido/ouvido/falado bastante com amigxs sobre violência sexual, física y simbólica, praticada contra mulheres em cenas ditas libertárias.
violência sexual, assédio e estupro são temas que marcaram minha vida, e a de muitas amigas. a quase totalidade de mulheres que conheço não só passou por experiências sexuais indesejadas como teve a descoberta de sua sexualidade inaugurada por algum tipo de violação física (que quase sempre deixou resquícios traumáticos ao longo de nossas vidas).
essas ocorrências são tão usuais e freqüentes que fico espantada quando conheço alguém que não passou, por exemplo, por abuso na infância. e acho muito legal que possamos contar umas com as outras pra criar espaços seguros em que podemos, pelo menos, conversar sobre isso – nos fortalece, ajuda a dizer “não”, nos ajuda a localizar ou expressar nossa raiva, uma às vezes vergonha e o medo que temos quando não conseguimos dizer esse não, quando nosso não é ignorado.
(
recentemente tenho pensado mais sobre isso, sobre o cara que, do outro lado – quando esse lado não é “em cima de você” -, não é um cara genérico, um desconhecido que passa por você na rua e se sente no direito de fazer isso ou aquilo com seu corpo, ou com o corpo dele mas de maneira a te intimidar, agredir, abusar. não é o estuprador sem nome, o que passa rápido por você na rua e passa a mão na sua bunda, o que, de dentro do carro, te chama disso ou daquilo. estou pensando no cara que tem um nome, que sai com a gente, que é amigo de outras amigas, que é militante ou toca numa banda. um ‘parceiro’, não um agressor. e mesmo assim é ele que se aproveita de quando você tá bêbada, ou cansada, ou de saia – entendendo isso como um sinal de que você quer trepar com ele, não importando o que você diga -. como é que esse cara consegue fazer isso com a gente e simplesmente continuar sua rotina no dia seguinte? como ele vai pra um ato, pra uma gig, pra uma reunião de coletivo, ou vai tomar uma cerveja e, no buteco, comenta com outros amigos (ou algumas amigas) sobre a noitada de ontem, depois de ter estuprado alguém?
como ele consegue tirar a roupa de uma pessoa que ficou pra dormir na casa dele porque tava muito cansada ou bêbada (e agora pode estar acordada e chorando) e porque confia nele, de alguma forma, e penetrá-la contra sua vontade, passar a mão nela, imobilizá- la, ignorar seus gritos ou apelos ou pedidos?
fico lembrando de quando as meninas íamos de saia pra ver umas bandas e não só estávamos sujeitas a dedadas (no mínimo), como também poderíamos ser ‘xingadas’ de promíscuas (“vadia”, “galinha”, “puta”, “piranha”, “já comi”) porque estávamos lá com aquelas roupas. o problema sempre somos nós e nossas roupas? nós e nossos corpos? eles é que são óbvios e ficam marcados?
não é óbvio que tal cara seja um estuprador. ninguém se refere a ele como “o fulano que embebeda as minas e estupra elas depois”. muito em parte porque 1) além da mina e do cara, poucas pessoas vão saber disso e 2) isso nem é considerado estupro por muitos caras. é como se fosse a punição por estarmos de saia dormindo/bêbadas/cansadas/ali. no caso das meninas que gostam de beber essa punição é ainda mais exemplar, ela tem ares de castigo mesmo, já ouvi dois relatos de ocasiões diferentes sobre festas em que meninas bebiam, desmaiavam de bêbadas e eram SISTEMATICAMENTE ESTUPRADAS POR VÁRIOS CARAS. como se beber até cair, no caso das mulheres, fosse um convite explícito aos caras pra que façam fila e metam na gente enquanto estamos desacordadas, e depois ainda fiquem nos chamando de piranha pelas costas, com um ar de “ela mereceu”.
fico muito tempo pensando em como eles conversam sobre isso. se não sentem constrangimento nenhum. como nós temos nossas redes formais/informais/implícitas/explícitas de solidariedade feminina, eles terão espaços pra conversarem sobre esse tipo de coisa? eles conseguem conversar com alguém sem acoplar um ar de conquista sexual à coisa? eles dizem “fiz uma merda ontem”?
porque não é de um cara tosco desconhecido que estou falando, é de um que não toma refrigerante porque boicota multinacional, é um militante de uma luta por mundos em que caibam outros mundos, um cara que faz escolhas políticas bacanas. como ele lida com essa separação entre o que é privado e o que é público? por que caras que são legais em diversas instâncias continuam capazes de reproduzir os papéis mais cruéis do patriarcado? …
e esse tanto de reflexão me traz de volta ao segundo título do texto
)
tenho visto (e sentido também) o cansaço de muitas feministas (ou mulheres que militam contra o patriarcado mas acham o rótulo “feminista” inadequado). às vezes não temos mais disposição pra sermos chamadas de “radical” o tempo todo. “chatas”, “loucas”, “exageradas”. e nos cansamos de ignorar certas piadas, comentários e olhares em nome de uma convivência ok com algumas pessoas. isso significa que o feminismo acabou? está ultrapassado? é admissível que uma cena que se diga libertária tenha espaços pra violência e abuso baseadas em uma idéia de que alguns corpos estão a serviço de outros? por que os discursos de liberação sexual não são acompanhados por práticas de libertação de papéis e comportamentos limitantes, exploradores, hierarquizantes, colonizadores?
ainda estou tentando lidar com meu próprio cansaço. e esse texto é isso mesmo, um amontoado de perguntas que não consigo responder.
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Meu jeito de ver as coisas.
O texto parece ser exagerado e feminista demais, mas não é bem assim. Onde olhamos vemos mulheres sendo tratadas como objeto, menos respeito, diferença, preconceito. 
Isso é o que somos? Um grande pedaço de carne esperando um homem grande e forte que nos foda? Você provavelmente vai ignorar minha opinião, dirá algo do tipo: "Você é lésbica. Odeia os homens, deve ter tido uma droga de educação. Um pai bêbado, que batia na sua mãe e nunca estava presente. Deve também ter crescido em um bairro pobre, onde a violência é constante." Nada disso se encaixa na minha formação. É tudo exatamente o contrário. 
Afinal, será mesmo que é certo homens poderem andar sem camisa na rua e mulheres não? São peitos! O tamanho realmente importa? É certo sim! Porque é comum, natural, obrigatório, homens saindo por ai exibindo sua masculinidade, impondo seu poder, intimidando as mulheres. 
Quantas mulheres já se sentiram profundamente desconcertadas ao passar em frente de uma obra, oficina mecânica ou bar com grupos de homens? Tudo bem, isso pode ser considerado preconceito contra uma classe social, então vamos para outra situação, quantas garotas foram chamadas de vagabundas porque ficaram com dois, três, quatro garotos de sua escola, quando ao mesmo tempo esses garotos eram chamados de pegadores? Quantos filmes pornográficos são produzidos para mulheres? Muito poucos, afinal mulheres não tem desejos sexuais, elas podem segurar seus sentimentos e se controlar, não é mesmo?
Coisas assim acontecem o tempo todo! Existe um estupro acontecendo agora mesmo, e existem centenas de outras violências emocionais contra mulher.
Quer saber, não importa o quanto você ame seu namorado, ache ele lindo, incrível, o quanto ele faça reciclagem e se preocupe com questões políticas e sociológicas, como seja educado e até gentil com suas amigas. Ele sempre será um insulto ambulante. E o pior de tudo é que você vai achar tudo tão normal que não vai se importar, nem irá perceber. É impossível mudarmos os homens de hoje.
A nossa única esperança é educarmos nossos filhos corretamente, os colocar para fazer ballet ao invés de judô; ensinar que meninas são como meninos; não incentivar atitudes machistas; dizer que são livres a respeito de sua escolha sexual; os chamar para ajudar a lavar a louça; incentivar filmes românticos; deixa-los correr por este mundo de "homens mais forte que mulheres" mas fazendo com que ele seja o diferente. Você esta em choque não é? "Cassete, quer que transforme meu filho numa bichinha, que o crie como menina". Esse pensamento é exatamente toda a raiz do problema
E quanto as meninas? Também dizer que são livres sexualmente, que se seu irmão pode namorar aos 10 anos ela também pode; dizer que não há problema em andar de skate, bicicleta e jogar futebol; que filmes de ação também podem ser tão divertidos quanto comédia romântica; não a necessidade de usar vestidos se elas não gostam. 
Eles serão discriminados, é verdade. Mas um dia serão lembrados e irão mudar o mundo, dia após dia, geração após geração. E você não estará sozinho, porque nessa sociedade onde criticamos nossa forma de existência o tempo todo, milhares de jovens estão decididos a fazer o mesmo.

domingo, 29 de maio de 2011

Não vou dizer seu nome. Não gosto de como ele soa. Vamos te chamar de F. por hora.
Começo do ano, tentava manter pensamentos positivos e a cabeça no lugar. Afinal, este era meu ano. Preparei minha vida toda para este momento. Saia com essa garota, F. Nunca vou esquecer de como decidi me tornar uma pessoa diferente a partir daquele momento.

Entramos em sua casa, passamos pela sala imensa, bebemos alguma coisa na cozinha, aliás, ela bebeu algo na cozinha. Eu fiquei só com água, meus problemas de saúde me proíbem muitas coisas.
Subimos para o seu quarto, ela segurava minha mão como se segura nas mãos de uma criança ao levá-la  ao parque. Abriu a porta mas assim que entrei a fechou rapidamente.
Foi até seu Ipod, o fixou na porcaria do dock station. Eu estava extremamente desconfortável, mas ela poderia piorar a situação. Escolheu a música Pearl, enquanto tirava a camisa praticamente gritei:
        - Não! Não gosto dessa - menti. 
Ela trocou, colocou algo mais animadinho, aquilo tudo estava me dando nos nervos. Sentou na beira da cama e tirou seus sapatos, em seguida sua camisa. Me chamou e me ajudou com a saia, seus peitos estavam ali, tão evidentes. Detestava seus seios. Eram grandes. Tirou sua calça, minha favorita por sinal, enquanto eu tirava meus sapatos.
Sentei em seu colo, de frente. Não gostava daquela posição. Só a usava com pessoas especiais, ficar daquele jeito queria dizer que não queria mais intimidade, não pertencia mais a mim mesmo, que faria qualquer coisa pela garota entre minhas pernas, e no momento aquilo não era verdade. Me colocou na cama, ficou por cima de mim. Tirou minha meia fina. Mordeu minhas coxas e novamente praticamente gritei:
        - Não! Não me machuque. Não gosto - menti, de novo.
Tirou meu sutiã, brincou com meus seios. Quando descia até minha calcinha eu a puxei para cima de novo. Fiquei por cima dela. Mudei o rumo das coisas. Tirei seu sutiã, deixei marcas enormes em seus seios. Me livrei de sua calcinha e me esforcei ali, durante horas. Três horas.
As vezes lembro como a fazia gemer, gritar, pedir para ser comida. Tudo isso me faz sorrir. 
Não me recordo de quantos orgasmos ela teve. Mas posso dizer que foram muitos. Depois que tudo acabou deitamos uma ao lado da outra. Minha calcinha estava no mesmo lugar. Não a deixei tocar em mim. Descansamos durante alguns minutos, logo ela veio beijar meu pescoço, colocar as mãos onde não queria, então inventei uma desculpa. Sentei na beira da cama. Mexi nos cabelos, tirei o óculos e cocei os olhos. Sorri, muito falsamente.
       - Amor, eu tenho que ir. Ja está tarde. Você sabe como as coisas são complicadas para mim. 
O pior de tudo foi que ela acreditou. Beijou meus lábios, meus ombros, arrumou meu cabelo. 
Estava com um nojo imenso. Meu corpo tinha seu cheiro, meus dedos seu liquido, minhas costas as marcas de suas mãos. 
Coloquei minha camisa sem ao menos me importar com o sutiã. Queria sair dali. Aquela estante com revistas de fofoca, suas bolsas, seu jeito. Tudo me irritava. A meia fina, depois a saia. Logo em seguida os sapatos. Procurei minha bolsa, não achei. Coloquei o óculos novamente e dei de cara com ela, ao lado do notebook. Disse meio melosa:
      - Espere ao menos me vestir, eu desço com você!
      - Não, não precisa! Amor, eu estou atrasada, tenho que ir.
      - Eu insisto.
Levantou, colocou sua calcinha e suas roupas de volta. Enquanto o fazia disse com um sorriso repugnante no rosto:
      - Esse foi o melhor sexo de toda a minha vida.
      - Mas você ainda nem teve muitos.
      - Então esse é o melhor sexo que já tive ou vou ter em toda minha vida. A não ser que você se supere - sorrio de novo, para minha desgraça, beijou meus lábios e foi de novo aos meus seios.
Ao sair quase disse que me amava. Sim, quase, graças ao Bom Deus. Uma semana depois terminei com ela, sumi. Disse que o problema não era ela, era eu. Não sabia até onde isso era verdade. Ela ficou enfurecida. Disse que brinquei com ela. Era verdade! Brinquei com ela.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Past.

Ontem quando fui almoçar com ela, disse quem costumava ser. Como era maldosa, soberba, ruim. Ela foi direta:
- Acho que não gostaria de você. Odiaria você.
- Eu também. Mas mesmo assim sinto falta de quem era.
- Me diz. Quem você realmente é? A pessoa que conheço agora ou a pessoa ruim de meses atras? 
- Eu? - cerrei os olhos, mexi nos cabelos. Pergunta difícil - Nunca sou quem quero ser. Mas vamos dizer que hoje sou menos infeliz. 
Ela sorrio.
Não quero mais ficar com essa garota. Não estou em condições de lutar pelo amor de ninguém. Ela é ruim. Estou vendo isso. Vejo sinais em todas as partes. Sinais de que a desgraça já foi declarada, desde o primeiro instante, o primeiro beijo. Sem contar que no fundo deve me achar uma criança, fresca, irritante, rebelde sem causa. Preciso tanto de ajuda. Um milagre. Ela não pode ser meu milagre, vai acabar comigo, me destruir. Tenho que comprar laminas novas e mais maconha ao invés de sair por ai me envolvendo com garotas problemáticas. 
Esses dias me disse que seu namorado provavelmente iria terminar com ela, porque havia se cortado de novo. Fiquei decepcionada. Se eu fosse sua namorada não agiria da mesma forma. As pessoas julgam como doentes aqueles que se machucam constantemente e propositadamente. Mas não fazem idéia de como é libertador ver o sangue descendo pelos seus braços, suas mãos tremendo, medos indescritíveis tomando conta de sua mente. O ser humano é tão frágil. Há tanta beleza nisso.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Medo.

Estou com medo. As coisas não parecem certas. Esta cada dia mais perto, eu sinto.

Game Over.

Hoje nós fomos almoçar juntas. Andamos de mãos dadas pelo shopping. Esse era um dos meus sonhos estúpidos, sair por ai exibindo uma garota, gritando o quanto a amava. Tudo bem que foi horrível porque toda vez que achava que via alguém conhecido soltava a mão dela rapidamente e a enfiava no bolso, desconversava, fingia até desatenção, fazia qualquer coisa que gritasse 'Não fodo essa garota, i like pênis'.
Fomos a livraria, matamos a primeira aula, conversamos sobre as coisas que nos assustam. Eu percebo no olho dela o quanto ela adora ver eu chamando minhas "amigas" para conhece-la.
Voltamos para a escola, trocamos sorrisos no intervalo, carinhos, até agressões as vezes. Mas quando fui falar com ela na ultima aula, estava diferente. Sentada no chão, ao lado do armário, sozinha. Com aquela porcaria de diário na mão. Disse seu nome uma, duas, três vezes. Não me respondeu. Coloquei meu material em uma mesa qualquer. Me virei para ela de novo, respirei fundo. Sentei ao seu lado. Acariciei sua perna, disse o mais doce possível: 'Gracinha, você esta bem?'. Não me respondeu. Esperei algum tempo. Mexia no cabelo impaciente. Tentei olhar nos olhos dela. Mas nem seus olhos falavam dessa vez. Estava preocupada, depois comecei a ficar chateada. Ela devia estar escrevendo coisas horríveis sobre mim, naquele exato momento, naquele diário estúpido do Homem Aranha. Percebi que ela não era diferente! Era igual a todas as garotas que já conheci. Levantei. Peguei meu material, tentei de novo: 'Amor, eu vou indo'. Sem resposta. Desci as escadas murmurando. Pensando em como eu tinha sido hipócrita. Ela vai me abandonar. Provavelmente amanhã. O problema é que não sei mais viver sem ela. Ela sabe tanto sobre mim, abri meus sentimentos, minha vida. Toda vez que converso com ela tiro um peso imenso das minhas costas, me sinto leve, livre. Não sei mais como agüentar tanta dor sozinha. 
É verdade! Eu já sabia onde tudo isso ia dar. Mas eu paguei para ver. Até porque, qualquer um sabe que nenhuma dor física se compara a uma dor feita direto ao coração. Também todos sabem o quanto aprecio a dor. 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Idiotas.

Hoje durante a aula de matemática tive muito tempo para fazer minhas reflexões freqüentes. 
Olha só para mim. Tenho todo esse discurso sobre sociedade, arte, política. Essa dificuldade imensa de me relacionar profundamente com as pessoas. Foco exagerado nos estudos. Jeito alternativo, meio 'bicho grilo' de me vestir. Sou sonhadora, prepotente, orgulhosa - não sei porque disse nada disso.
Enfim, se pudesse escolher... acho que não gostaria de garotas. Acho incrível tudo que pode acontecer entre duas mulheres, as vezes soa como mágica para mim. 
É uma droga, porque sofro por algo que não decidi. Minha primeira historia de amor foi na primeira série. Ainda lembro da garota. O nome era Bruna Elisa. Magra, alta, olhos, azuis, sardas lindas nas bochechas sempre vermelhas, cheiro doce de morango, sorriso bobo, carinhosa. Sua mãe era professora de artes, parecia uma pintura renascentista, toda moderna. Queria ter tido escolha. 
É algo que soa estranho para mim, se eu fosse toda machinho, toda "butch" talvez fosse até mais fácil de compreender. As pessoas ficam dizendo que eu não sou gay, que um dia eu vou encontrar um cara forte, inteligente, alto, bonito e peludo - como todos os homens - e me casar. Idiotas, aposto que vissem o que faço no banheiro com as garotas da minha escola mudariam de opinião - é, isso foi puro exibicionismo.
Todas essas coisas ruins geram as vezes um momento de vitoria. Sexta feira quando fui assistir "Piratas do Caribe" - a pior grande produção do ano, na minha opinião - o garoto que zombava de mim na escola estava a dois passos atras, na fila para comprar o ingresso. Olhei para ele. Cocei os olhos. Olhei de novo. Senti pena dele. Desprezo. Porque depois que tudo aconteceu, percebi que mesmo com todos meus problemas, ainda era uma pessoa melhor. 

SuperHero

Ela disse que precisa de mim. Com todas as letras. Também disse que sou como uma droga para ela. Nós estamos nessa situação, um jogo, onde uma tenta afastar a outra com medo de ferir os sentimentos. Não há mais nada o que fazer. Somos dependentes agora. O sorriso dela me faz sorrir. Seu carinho me faz acreditar na felicidade. Não sei o que quero dela. As coisas estão indefinidas. Entre a amizade e o sexo. Não gosto disso. Detesto a subjetividade. 
Penso em como poderia fazê-la feliz. Penso em como poderia fazê-la infeliz. Li seu diário durante essa semana. Ela demorou para ceder, mas sabia que uma hora ia acontecer. O seu diário me machucou. Me cortou indiretamente, cortes imensos nas coxas que depois vão dar trabalho a minha dermatologista. Disse sobre mim 'Uma garota que tem a vida muito ferrada'. Não fiquei com raiva dela, fiquei com raiva de mim. Porque realmente é isso o que sou.
Essa garota, que vem sendo o motivo dos meus sorrisos também vem sendo o motivo da minha depressão. Sinceramente?! Eu não ligo! Tenho objetivos claros. Pensamentos lúcidos. Talvez ela me ajude a conclui-los. 
Não quero me prender a ela da forma que me prendi a outras pessoas antes. Não quero amar ela. Porque se o fizer irei desistir da morte. Não quero desistir da morte! Não quero! Não quero!
Infelizmente parece inevitável. Cada atitude, cada pedra no meio do caminho... me fazem chegar perto do amor. Amor este que não quero sentir.
Estou com medo. Medo de descobrir que ela não é quem parece ser. Descobrir que ela me usou, apenas como apoio, como terapeuta. Medo de ela ir embora e deixar seus problemas na minha mente.
Quero muito que ela me salve. Me tire do meio de toda essa desgraça. Mas isso não vai acontecer. Super-heróis não existem.

domingo, 15 de maio de 2011

Realidade.

Acho que não vou ter escolha, vou ter que procurar um psiquiatra. Não acho que preciso de ajuda. Mas se não tenho coragem para morrer, simplesmente não posso continuar vivendo assim. Esse ano é decisivo. Tenho que ser forte, pelos meus sonhos! Ele provavelmente vai me prescrever remédios que me deixem menos infeliz e talvez algumas coisas para eu dormir mais. Afinal, dormir tem sido o maior problema. 365 noites de pesadelos. 
É difícil continuar mantendo seu orgulho, seus desejos, sua motivação. Ontem tive que dizer: "Eu sou uma garota normal, uma menina normal". O que é normalidade no caso? Uma garota não gay. 
Tudo isso poderia acontecer em qualquer outro momento. Menos esse ano! Eu tinha um armário bonito, meio retro, feito de carvalho, com puxadores de ouro. Pretendia sair dele de forma triunfal, como aquelas estrelas de Hollywood, com tapete vermelho, vestindo Gucci e calçando Chanel. Mas infelizmente antes disso alguém me jogou para fora, vestindo apenas pijama e meias, pisando na lama fria.

Substituta, doce substituta.

Ela me chamou para ir ao cinema amanhã. Ja faz um tempo que vem me machucando, discretamente. 
Queria descobrir qual é o meu problema. Sempre me impressiono com as garotas de punhos cortados que calçam all star sujo, indecisas, inteligentes, que escondem mangás entre os livros da escola, tomam remédios prescritos por psiquiatras, vestem camisetas do The Doors e Nirvana mas ouvem Madonna ao mesmo tempo, tem sexualidade ambígua, mentem para si mesmo sobre seus sentimentos, adoram camisas xadrez, parecem boas garotas mas não passam de vadias. Lábios doces, pele macia com a cor entre o amarelo e o branco, dedos firmes e cheiro gostoso mas no fim vão me largar onde acharam. Na beira do abismo, prestes a cair voluntariamente. 
Amanhã vai ser um bom dia. Vamos trocar beijos e caricias entre flashes de luz vindos do projetor, comer em nossa lanchonete favorita e trocar sorrisos indiscretos.
Parece um sonho não é? Acredite, é mesmo. Até porque eu sei que uma hora vou ter que acordar e essa garota vai embora tão rápido como entrou. Tomara que vá mesmo, porque eu não posso correr o risco de  amar alguém de verdade de novo. 
Semana passada ela olhou nos meus olhos e perguntou sobre minhas cicatrizes, eu disse que sempre carregava uma lamina comigo. Me olhou sinceramente como nunca havia feito e disse que eu devia encontrar alguém que me fizesse parar com isso. Sorri com sarcasmo, expliquei que isso seria fácil demais. Difícil mesmo é esta pessoa me encontrar.
Ela tem namorado, eu realmente não devia levar isso adiante. O que começa na bagunça, termina na bagunça. What gets in the shit, it ends in a mess.
Mas tudo bem, eu nem gosto de fato dela. É só uma lembrança, mal feita, de alguém que um dia chegou perto de ser especial, extraordinária, esplendida. Me pegaram na mentira de novo. Eu gosto dela. Infelizmente. Gosto! Estou perdida. Fudida na verdade.

sábado, 14 de maio de 2011

Própria Hipocrisia.

Ontem eu devia ter ido com ela ao cinema. Mas alguns motivos estúpidos me impediram. Passamos o dia todo juntas, bom pelo menos a parte mais importante do dia. Descobri que ela começou a fazer um diário. Foi exatamente o que eu pedi 'Hey, garota! Você devia fazer um diário para eu ler, talvez escrever alguns contos'. Consegui ler apenas uma parte do diário, uma pequena parte. Mas foi suficiente para me gerar gratuitamente horas de reflexão. O que eu li? Coisas que ela disse que eu acho. Isso aqui:


        "Ela acha que eu sou uma fracassada, acha que sou muito clichê" Isto é mentira! Eu não acho isso.


Percebi a influencia que tinha sobre ela. Apesar de todas as minhas duvidas sobre o fato de ela ser uma boa pessoa ficou claro. Claro como um farol. Ela era frágil, não era uma pessoa ruim, precisava de cuidados. Quis que colocasse um cano duplo na minha cabeça. Ja sei, esse é um sentimento muito comum por aqui. Mas logo eu que sempre critico o preconceito, que sofro dele dia após dia tive um pré conceito sobre aquela garota. Presumi que era uma pessoa ruim, só porque tive péssimas experiências na vida. Olhe só, como eu sou hipócrita. É eu mesmo! H-I-P-Ó-C-R-I-T-A!
Acho que estou apaixonada. Por ela mesmo. Vai ser difícil. Ela tem tantos problemas, e eu tenho o dobro deles. Droga. 
O namorado dela parece ser um fracassado. Sim, ele sim! Tem uma bandinha de merda. Tirou a virgindade dela. Estão juntos só a 4 meses. Olho para o anel nas mãos firmes dela e penso 'I can do better'. Posso te-la. Mas será que devo? Quer dizer, e se eu chegar, transformar a vida dela em uma bagunça e depois ir embora! Afinal ja fizeram isso comigo, so many times! 
Quarta-feira lhe darei um presente bobo. Um mangá do Batman. Ela vai adorar. Vai dizer que não pode aceitar. Vai sorrir do mesmo jeito indiscreto de sempre e me abraçar do jeito que amigas não fazem. As pessoas em volta vão perceber mas eu não vou ligar. Não vou ligar porque minha vida é agora e posso ter a coisa mais valiosa do mundo nas mãos. 

Raquel! Sem eufemismo e hipérbole.

Medo. Estou assistindo você desmoronar. Sentada, escondida, atrás de um monitor, tomando café. Não sei o que fazer. Nem mesmo sei se devo fazer algo. 
Quero te ligar. Dizer "Eu sempre estarei aqui por você", porque depois de um ano ainda parece que sou a única que poderia te entender. Não sei se é correto. Sinceramente... desejei do fundo do meu coração assistir você morrendo. Não é mais o que quero, percebi isso hoje.
É verdade que venho procurando cópias de você, e também é verdade que venho encontrando. Também não vou negar que penso em você, constantemente. Mas, não te amo mais, não do jeito de antes. 
Também, nem tenho como te ligar, joguei suas coisas fora, fui obrigada a fazer. Poderia te mandar uma carta, mas eu não sou mais esse tipo de garota. Não sou mais a garota das cartas, nunca voltarei a ser. 
Bem provável que você não queira ajuda. Mas se um dia você chegar a ler isso nunca esqueça, eu estava aqui por você. Como uma covarde mas estava.
Se você pensar em me procurar não pense que vai ouvir dos meus lábios 'Sua mamãe te amava, ela esta num lugar melhor agora. Não fique triste, tristeza é para os fracos. O que é isso menina, você é tão jovem, tão bonita! Ainda amo você. Não se mate, isso é feio. Não use drogas, respeite seu corpo. deus isso, deus aquilo'. Não! Não! Não! Nenhuma dessas frases, nada parecido. Nunca!
Enfim, eu espero ter feito o certo ao escrever aqui. Realmente quero que você leia. 
As coisas mudaram. Eu mudei. E vão continuar mudando, dia após dia. Jurei nunca mais escrever nada sobre você, e hoje quebrei minha promessa. Infelizmente é só o que venho fazendo: quebrar promessas. 
Você pediu e eu emprestei, meu peito. Onde você já colocou seus lábios, suas mãos, talvez seus sentimentos e agora seus pensamentos. Ele é seu! E quando digo ele é seu quero dizer que pode ser seu cofre, seu cofre de desgraças, de pensamentos que garotas 'choronas' - como você disse - tem. Graças a minha persistência eu mudei. E agora esse cofre não acompanha nenhum julgamento, você melhor do que ninguém sabe que um dia ele era cheio disso: julgamento, hipocrisia, intolerância. Ainda assim não parece ser grande coisa não é mesmo? Simplesmente porque não é, Rachel.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

The Cursed Sun.

Ela é como o sol. Quente, brilhante, sedutora, essencial para a vida. Mas passarei o resto da minha vida sonhando em olhar diretamente em seus olhos e ver com clareza. Porque a sua luz ofusca os pensamentos, confunde o entendimento, me faz cerrar os olhos.

sábado, 7 de maio de 2011

Loira Platinada.

Lamina gelada, mãos quentes. Sangue nos lençóis, respiração ofegante.
A depressão é uma loira platinada. Seduz com seus lábios vermelhos, provoca com seus cigarros, usando vestidos curtos com as pernas cruzadas diz meu nome entre uma dose de whisky e outra. Descuidada, soberba e imponente tira nossas roupas e fica sobre nós. No sofá, cama, cozinha, chuveiro, bancos de carro, banheiros apertados de boates, becos escuros, quartos de motéis vagabundos. Prende minha cintura com suas coxas, coloca seus lábios entre minhas pernas. Marcas, cicatrizes que lembram momentos de êxtase. Foco de luz. Dor que traz alegria. Dor que leva ao orgasmo. Dor que me faz despejar meu liquido no seu corpo.
Minha loira platinada me visita cada vez com mais freqüência. As vezes dorme em minha cama, come minha comida, ocupa minha mente, mexe na minha bolsa. Vem e vai sem me dar o que quero. Quando vai leva seu sorriso no rosto e o meu no bolso, porque sabe que já estou ansiosa para o próximo encontro.
Quero um encontro definitivo com essa prostituta, quero que arranque meu seio esquerdo e leve meu coração. Cansada de mordidas e arranhões quero facadas, tiros e socos. 



Queria que os créditos fossem meus, mas são da garota que conheci recentemente. Comparação incrível não é? Eu escrevi algo MUITO parecido uma vez. Escrevi quando era feliz, tinha blog famoso, Jeans caros, caixa de SMS cheia. Mas é obvio que esse caiu bem melhor.

Frigida, Cruel.

No intervalo entre uma aula e outra Alice foi ao banheiro, mal podia acreditar que o dia mal tinha começado. Encontrou quem justamente não queria encontrar. Enquanto lavava as mãos podia sentir que era observada. Levou a mão ao cabelo e afastou a mecha que cobria seus olhos, lindos olhos, quem sabe azuis. 
A verdade é que a garota que a observara durante os últimos segundos era a mesma que a havia beijado na ultima quinta feira, Andréa. Alice não era de recusar beijos, mas ultimamente algo vinha acontecendo. Todas as mãos que a pegavam não pareciam tão firmes como a ultima, todos os braços que a envolviam não pareciam tão fortes, nenhum outro rosto era perfeitamente feio e desajustado como o da ultima lembrança e também não havia pele que fosse mais macia e delicadamente cicatrizada. Então Andréa se aproximou, pegou Alice pela cintura e invadiu sua boca com a língua e sua mente com duvidas. 
Droga de beijo, Alice pensou. As línguas não pareciam em sincroniza. Sentia as pernas daquela garota tão intima e tão desconhecida entre as suas, um movimento que desagradava. 
Não agüentou muito tempo. Tudo aquilo a enchia de dor. Afastou aquela garota que trazia uma lembrança de tudo que ela nunca novamente teria. Passou as costas das mãos nos lábios, para tirar as marcas de batom, e quando o fez o fez com desdém. Tirou novamente os cabelos dos olhos, sorrio e encarou aquela garota que lhe parecia uma aberração. Abriu os lábios, excitou, então os fechou. Pensou em todas as pessoas que a feriram quando ela realmente entregou seu coração. Percebeu que ela poderia partir o coração de alguém, o momento era aquele! Alice sabia que Andréa a queria, estava apaixonada, estava sempre por perto, trocando olhares nos intervalos, inventando desculpas para ir para sua sala, encostando em suas mãos e suas coxas sempre que possível por baixo das mesas. Então Alice fez! Abriu os lábios novamente e desta vez sem excitar disse com calma, sarcasmo e desprezo:
-Você não é de se jogar fora… Tem um sorriso bonito. Mas, não é o tipo de garota para mim. Gosto de garotas inteligentes, criticas e decididas. Todos sabem que você não é nenhuma dessas coisas, principalmente a primeira delas! Não vou ser seu guia turístico pela GayLand. O que aconteceu na ultima quinta feira foi um erro, não estava no meu melhor dia. Um erro que provavelmente não vai se repetir.
O sinal tocou, entendeu como se aquilo fosse um convite para se retirar do banheiro. No caminho até sua sala Alice sentiu o poder, a maldade, a ironia. Todas aquelas coisas ruins tomando conta dela, coisas que agora se tornaram boas. Sentiu como se o coração e a felicidade de Andréa estivessem nas suas mãos e ela os destruíssem como papel.
Desde então Alice decidiu ser quem queria ser! Quebrar pessoas só para sorrir enquanto assistia elas desmoronarem. Estava fascinada pela natureza do mal. Foi arrebatada por uma alegria nunca sentida. Sua vida, pela primeira vez, parecia a sua vida! O rosto não se mexia, paralisado pelo sorriso. 

Maior Anseio.

Ao ir ao shopping durante essa semana me dirigi rapidamente a fila do cinema. Impaciente como sempre, atrasada para variar e exausta de provas escolares me deparei com uma cena que causou inveja. Acredite, não estou acostumada a sentir inveja. 
Duas garotas, uma extremamente masculinizada, carinhosa e educada com as mãos na cintura de uma garota loira que me parecia egocêntrica e soberba. Trocavam sorrisos indiscretos e olhares expressivos, criando uma imensa tensão sexual. As mãos percorrendo lugares levemente proibidos e os lábios se aproximando, suplicando por um beijo. As coxas encostadas fazendo delicados movimento sexuais, atraindo os olhares que exibiam excitação dos homens, desprezo das mulheres e curiosidade dos jovens. 
Não senti inveja porque ambas eram bonitas e tinham alguém para amar, esse não é o problema, ultimamente eu tenho a garota que quero. Senti inveja porque elas tinham liberdade. Podiam viver a vida abertamente. Não precisavam criar namorados falsos, contar mentiras, fazer comentários homofóbicos, dizer que gostavam de Justin Bieber e perder horas falando sobre o casamento real, tudo para aparentar ser o mais heterossexual possível.
Todos os dias eu sou rejeitada. Ao ligar a TV, conversar com meus pais, pisar na escola, encontrar os meus amigos. O desprezo me cerca. 
Me esforço todos os dias para fazer o bem. Estudo o máximo que posso para entrar nas melhores faculdades, atingir meus sonhos e ser melhor que todos aqueles que julgam ser superiores a mim. Mas nunca será suficiente!
Olham para mim e vêem uma fracassada, porque depois de tanto tempo sendo tratada como uma perdedora eu comecei a agir como uma. Desde os seis anos eu sofro com essas coisas ruins, garotos hipócritas diziam que eu era feia, meninas arrogantes me tratavam mal, ouvia por ai conversas sobre gays, sempre vistos da pior forma possível. 
Aqui estou. Escrevendo em um blog porque não posso escrever em folhas, usando nome falso porque não podem saber quem sou, me escondendo do jeito que sempre odiei fazer em nome da sobrevivência. 
Cai de novo em minhas perguntas existenciais: será que trair meus princípios valem a sobrevivência? Estou cada dia mais convencida de que a resposta dessa pergunta é não. Espero um dia realmente saber o que é a definição de felicidade porque eu a senti, não porque alguém me disse o que é a felicidade. 

Assista o video. Ja sei, você odeia Lady Gaga, curte bandas underground, ouve Beatles e usa camisa do Nirvana. Mas as vezes é bom ter uma artista que é ouvida pela massa mostrando o resultado dos defeitos mais obscuros da nossa sociedade.



domingo, 1 de maio de 2011

Tempo, artista despercebido.

Arte. O que de fato é arte? Alias, arte é alguma coisa? Arte é relativa? É concreta? Ela existe? 
Produzimos imagens, redefinimos o conceito de beleza, atribuímos significados a objetos, justificamos o injustificável, queremos ser vistos, chocar o mundo, desejamos que as pessoas queiram ser como nós, machucamos indiretamente quem é diferente e não prestamos atenção nas pessoas que fazem arte a cada segundo de vida. No momento, isso tem sido arte.
Nada soa mais artístico do que cabelos brancos. Cada fio acizentado demonstra uma história. História essa que não é sua, que pode ter sido incrível, que você não viveu, e nem vai viver mas que fez alguém chegar a velhice. 
Durante toda nossa vida temos sentimentos únicos, experiências próprias, sonhos distintos e loucuras individuais. Coisas que nunca serão repetidas por ninguém. Se você acha que a morte é difícil, provavelmente nunca pensou sobre a vida. Todas essas pessoas que exibem uma pele aparentemente desgastada e um corpo frágil passaram por todo tipo de sofrimento e experiência. E nós aqui, sentados na hipocrisia estampando a juventude por todos os cantos. Quem foi que nos disse que ser jovem é melhor que ser velho e que rugas são feias?
Acredito que arte é questionar o governo, quebrar sistemas, querer mudar o mundo, desenhar com destreza e imitar o que os olhos vêem com a maior perfeição possível, afinal também adoro ir a Bienal. Mas também acredito que nada é mais belo e artístico do que a ação do tempo nas faces delicadas e nas mãos macias, nos cabelos coloridos e ossos resistentes, nas colunas eretas e no pensamento moderno.
Ser considerado velho é uma dadiva, um troféu. Demonstra que você passou coisas difíceis, sofreu e chorou como ninguém mas se manteve vivo da melhor forma que pode. 
"Crianças" estúpidas! Todas essas que tem nojo de idosos. Tenho uma noticia para vocês, da próxima vez pegue uma faca na cozinha e perfure seus órgãos porque se não o fizer algo "horrível" ira acontecer: você ficara velho também! 


(Linda! Senhora T. aos 82 anos)