sexta-feira, 29 de julho de 2011

Help.

Peguei um ônibus. Sempre detestei andar de ônibus, lembro que andei 2 vezes quando era pequena por que passei a tarde toda infernizando minha empregada, ela me levou e eu achei o máximo. Minha mãe brigou com ela quando soube, andei mais outras duas vezes a um ano atrás por curiosidade também, mas não me surpreendeu.
Desci no ponto que ficava mais próximo e andei o mais rápido possível até seu prédio. Subi de elevador impaciente, havia roído minhas unhas no caminho e os cantos dos meu dedos sangravam. Ela me abriu a porta e a única coisa que pude fazer foi cair em choro, me abraçou, me sentou no sofá. Passou a mão nos meus cabelos e os beijou. Fiquei uma hora assim. Eu podia sentir meu rosto inchado de tanto chorar, minha face quente e uma dor de cabeça insuportável me acompanhava.
      - Me diga, o que aconteceu? Nunca te vi assim. 
     - Eu não posso agüentar tudo isso de novo - disse entre os soluços - se ela soubesse, porra. Ela sabe, sabe que é meu milagre, minha salvação. Eu tenho trabalhado tão duro para ser uma boa pessoa, por que não é suficiente? Porque eu ainda não sou digna de receber a ajuda dela? To cansada porra, cansada - peguei o lenço, assuei o nariz rápido, e voltei a falar - Olha só esse último ano, olha só pra mim. Eu costumava ser incrível, incrível pra caralho, nem precisava comprar a maconha que fumava, as pessoas davam ela pra mim de graça só por que gostavam de estar comigo. Tinha amigos, todos amigos falsos mas quem se importa?! Só to pedindo uma coisa, uma maldita coisa. Eu ajudei tantas garotas, resolvi os problemas delas, cuidei de todas elas, dei conselhos, instruções, por que eu não tenho o direito de ter alguém assim também na minha vida?!
      - Você tem que tentar! É difícil! Mas que droga, você não precisa dela, não precisa! Não fale desse jeito, você ainda é incrível pra caralho! - me olhava com dó - Não tem que passar por isso. A S. queria namorar com você, cuidar de você. Por que você dispensou ela? Ela ia te ajudar a esquecer essa imbecil que sei lá o porque você ainda ama. 
     - Todo mundo me disse o quanto é feia, escrota, sem futuro, doente. Já entendi, você não precisa falar mal dela pra mim. Consigo a garota que quero, qualquer uma! Cassete! Mas eu só quero ela - cai em seus braços de novo, a apertei o mais forte que pude - Está sendo difícil, eu comprei laminas novas, voltei a escrever as coisas ruins que escrevia. Um ano! Um ano, porra, passei um ano desenhando seus olhos desonestos - fechei os olhos.
      - Hey - colocou o cabelo atrás da minha orelha, logo em seguida sussurrou no meu ouvido - Como você veio parar aqui?
      - Ônibus, não ria - disse meio emburrada.
      - Nossa, você realmente está mal.
Adormeci ali por pouco tempo. Ela me acordou e lembrou que eu teria problemas se chegasse tarde em casa. Nós conversamos de novo, dessa vez com mais calma, e ao invés de me oferecer Heineken e cigarros simplesmente ofereceu leite e alguns beijos. Pela primeira vez depois de tanto tempo abri meu coração.

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