quinta-feira, 28 de julho de 2011

The therapist's couch.

     - Minha vovó foi a única pessoa que eu realmente admirei. É difícil falar sobre ela. Eu não entendo, ela fez um trabalho horrível ao criar seus filhos, meu tio e minha mãe são as piores pessoas que já conheci mas como avó ela conseguiu me conquistar de um jeito incrível. É como se a mãe da minha mãe não fosse a mesma pessoa que minha vovó.
     - Depois que ela morreu você conseguiu sentir admiração por mais alguém?
     - Eu... - hesitei, mudei de idéia - não!
     - Sabe, você é uma boa pessoa, e realmente gosto de você, sinto uma afeição que não sei explicar, raramente sinto isso pelos meus pacientes, de alguma forma você consegue ganhar meu coração. Você tem que superar esse seu problema com relacionamentos. Não sei o porque, mas não consegue firmar laços fortes com ninguém, e eu sinto dizer, mas este é um dos problemas de sua mãe, você não tem que carregar isso para a sua vida.
     - Eu sei, vejo você a um ano e ainda não consigo abrir meu coração, dizer o que realmente penso. Todos os dias antes de sentar neste sofá eu determino que irei contar como realmente me sinto, mas quando passo pela porta mudo de idéia e ficamos aqui conversando sobre moda e filmes.
     - Você terá que se esforçar - minha terapeuta disse encerrando a conversa.

Tudo isso me fez pensar nesses problemas que tenho passado. Não faz idéia de como odeio tudo isso. Vou a escola todos os dias e vejo aquelas garotas insuportáveis que só falam sobre garotos e esmalte Chanel, desejo ser como elas. Não entendem nada sobre política, feminismo e meio ambiente mas não cortam o próprio corpo e vivem uma vida miserável. Invejo-as.
É difícil para mim confiar em alguém. Quando confio, é obvio que esta pessoa me decepciona como qualquer outra, a dor é multiplicada por que eu perco uma peça única, a última esperança. Então caio em um eterno redemoinho de desgraças que aparenta nunca ter fim. Eu quero tanto resolver esse problema, mas já percebi que é quase impossível. 
Droga, que belo trabalho minha mãe fez. Uma criança depressiva, auto destrutiva, mimada e arrogante. 

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